Vergílio Ferreira
Nasceu em Melo, Serra da Estrela, a 28 de Janeiro de 1916. Descendente de pequenos camponeses, entrou para o seminário do Fundão com 10 anos de idade, como única forma de prosseguir os seus estudos. O ambiente austero da instituição religiosa e a solidão que marcaram estes primeiros tempos de juventude levaram-no a mudar de rumo em 1932.
Em Junho de 1933 completou o curso geral dos liceus e, depois de ter feito o curso complementar no liceu da Guarda, em 1935, concluiria na Faculdade de Letras de Coimbra, em 1940, a licenciatura em Filologia Clássica. Faleceu no dia 1 de Março de 1996.
OBRA
1943 O Caminho fica Longe
1944 Onde Tudo foi Morrendo 1946 Vagão "J"
1949 Mudança
1953 A Face Sangrenta
1953 Manhã Submersa
1959 Aparição
1960 Cântico Final
1962 Estrela Polar
1963 Apelo da Noite
1965 Alegria Breve
1971 Nítido Nulo
1972 Apenas Homens
1974 Rápida, a Sombra
1976 Contos
1979 Signo Sinal
1983 Para Sempre
1986 Uma Esplanada Sobre o Mar
1987 Até ao Fim
1990 Em Nome da Terra
1993 Na Tua Face
1996 Cartas a Sandra
POEMA
Que Há para Lá do Sonhar?
Cai a Chuva Abandonada
Cai a chuva abandonada
à minha melancolia,
a melancolia do nada
que é tudo o que em nós se cria.
Memória estranha de outrora
não a sei e está presente.
Em mim por si se demora
e nada em mim a consente
Do que me fala à razão.
Mas a razão é limite
do que tem ocasião
de negar o que me fite
de onde é a minha mansão
que é mansão no sem limite.
Ao longe e ao alto é que estou
e só daí é que sou.
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1'
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